domingo, 25 de agosto de 2013

O TEMPO PASSOU POR MIM

Seis décadas passaram. Olho-me ao espelho e nada vejo, nada mais que uma mulher envelhecida que tudo deu da sua vida e agora está só, sem ninguém.
Vê apenas o desdém daqueles a quem quis bem, tão bem, e esta dor, a dor que me atormenta a alma e o coração, coração envelhecido e alma magoada.
Devia sentir saudade do passado, da minha meninice mas apenas sinto o peso deste fardo a que todos chamam... velhice.
Mas tu não és velha - Dizem com sarcasmo. Porém, todos os que o dizem, sei bem que por dentro se desdizem.
Eu sonhei que era criança e nesse sonho havia esperança, esperança essa que morreu quando acordei. Hoje sonho com a morte e ao sonhar fico feliz.
Mas... ó desdita, ó má sorte, acordo sempre e em minha mente pergunto à morte - afinal que mal é que eu te fiz, que nem contigo tenho sorte?


M. Celeste F. F. Marques (23 de dezembro de 2008)