Seis
décadas passaram. Olho-me ao espelho e nada vejo, nada mais que uma mulher
envelhecida que tudo deu da sua vida e agora está só, sem ninguém.
Vê apenas
o desdém daqueles a quem quis bem, tão bem, e esta dor, a dor que me atormenta
a alma e o coração, coração envelhecido e alma magoada.
Devia
sentir saudade do passado, da minha meninice mas apenas sinto o peso deste
fardo a que todos chamam... velhice.
- Mas
tu não és velha - Dizem com sarcasmo. Porém, todos os
que o dizem, sei bem que por dentro se desdizem.
Eu sonhei
que era criança e nesse sonho havia esperança, esperança essa que morreu quando
acordei. Hoje sonho com a morte e ao sonhar fico feliz.
Mas... ó
desdita, ó má sorte, acordo sempre e em minha mente pergunto à morte - afinal
que mal é que eu te fiz, que nem contigo tenho sorte?
M.
Celeste F. F. Marques (23 de dezembro de 2008)