quarta-feira, 23 de abril de 2014

Mãe

MÃE
Mãe porque me deixaste?
Onde quer que estejas diz-me porque me abandonaste, assim eu seria mais feliz. Porque é que nunca me falaste? Sempre que por ti passava, sempre a tua cara me viraste quando eu para ti olhava.
Porque nasci então? Tu não querias, mas nasci. Alguma vez  pensaste no meu coração que batia por ti? Tantas vezes me fiz de forte quando te via na rua. E quando olhava o teu porte eu sabia que era tua.
Descansa em paz minha Mãe, pois eu nunca te odiei e certamente para junto de ti irei e contigo, então, falarei. Recebe um beijo da filha que tu nunca aceitaste e que na vida andou esquecida à espera que a encontrasses.


Mais um texto da minha mãe. Este tal como todos os outros é muito especial, pois foi escrito no dia em que soube da morte da avó. A minha avó fora “aparentemente” assassinada pelo seu companheiro e a minha mãe soube da notícia, espantem-se, no jornal O Crime. Ainda hoje me lembro da sua expressão a dizer-me que aquela senhora na primeira página do jornal era a minha avó. O mais triste é que vivíamos a dois passos e elas nunca falaram desde que a minha avó a abandonou na casa de uma família. Família essa que criou a minha mãe e que eu tive como minha família também, pois só mais tarde soube da verdade. Acresce a esta estória triste que o pai da minha mãe também a abandonou, ou seja, abandonou a minha avó que por sua vez abandonou a minha mãe. Tristes vidas, tristes pessoas que provocam tanta tristeza, mágoa, raiva, desilusão, em outras pessoas que por acaso, só por acaso são do mesmo sangue, como se isso importasse para alguma coisa!!!

sábado, 12 de abril de 2014

Passaram, ontem, 365 dias que partiste. 365 longos, mas ao mesmo tempo rápidos, dias. Estranho ? Não ! Longos pelo sofrimento que se foi sentido mas rápidos pois parece que ainda ontem aqui estavas, que ainda ontem o teu sorriso e a tua força me dava força para continuar, me dava ânimo nas horas más, que me dava consolo de Mãe que ama o seu filho. Parece que ainda ontem estavas aqui para me ouvir quando mais precisava e hoje já não estás. Hoje, passado um ano, já não te tenho qui junto a mim e a quem tu mais amavas. Perdura e perdurará a lembrança, o carinho, o amor e a tristeza, embora que essa vá desvanecendo com o tempo. É mesmo assim o tempo faz milagres mas rouba recordações.
Aqui fica mai um poema escrito por ti. Beijinhos para ti onde quer que estejas e RIP.

MALDITO

Maldito seja,
O ventre de minha mãe,
E que o Céu não veja
Nem ela é nem eu, também.

Maldito o dia,
Que me viu nascer.
Não houve alegria
Nem irá haver.

Maldito o pão
Que me fez crescer.
Maldita ilusão
Que nada me deixou ver.

Maldita hora,
Que sonhei com o amor
E que me faz agora
Sentir tanta dor.

Maldita seja eu,
Pois ainda vivo.
Que culpa tive eu
Em ter nascido?

Celeste Fernandes
22 de dezembro de 2006