quarta-feira, 26 de março de 2014

A minha amiga ovelha

A minha mãe escreveu esta história,a meu pedido, para um trabalho de grupo quando estava a tirar o 12.º ano à noite. Acabei por nunca a usar (e a outras duas que mais tarde aqui publicarei) mas fica aqui registada para memória futura. Parece-me que não inventou muito, pois na realidade existe uma quinta em frente à casa onde vivia, por isso vou escrevê-la em discurso direto como se de uma conversa se tratasse, talvez mais um monólogo. Ora vamos lá


"- Em frente à minha janela existe uma quinta e nessa quinta habitam, para além de seres humanos, alguns animais. Entre estes uma ovelha muito especial, talvez só para mim, quem sabe, pois que está a ser criada para servir de alimentação a alguém.

Acompanho-a desde muito pequena e ela acompanha-me a mim, eu sinto que é assim, pois sempre que chego à minha janela ela está lá sempre como que à minha espera. Ficamos a olhar uma para a outra e existe uma certa cumplicidade e empatia entre nós.
Para mim é a mas bela, e o único ser vivo com quem posso desabafar mesmo de longe. É toda branquinha e deve ser muito fofa. O que eu gostava de a acariciar!!! O seu olhar é terno e triste ao mesmo tempo, eu tenho a certeza de que ela sabe que está ali a ser engordada para um dia ser comida em dia de festim.
Sinto uma enorme tristeza ao pensar no fim que a minha amiga irá ter, certo que será o mesmo que tanas outras da mesma espécie, mas como é só esta que eu vejo todos os dias quando abro a janela não consigo deixar de pensar no dia em que a irei deixar de ver. É um pensamento que me enche de tristeza.
Quando vou às compras e olho para as montras dos talhos nada do que vejo me seduz e sou invadida por uma tristeza imensa. Volto para casa e corro para a minha janela a fim de procurar a minha amiga e felizmente, até hoje, ela ainda lá está. Quando a vejo agradeço-lhe por continuar viva e por continuar a olhar para mim.


Fim "   

imagem retirada do site www.animaisfofos.com
Celeste Marques